Ele fará falta à Fórmula 1

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Ron Dennis sai de cena: vários campeões estiveram em suas mãos.

Nem Honda, muito menos Super Aguri. A maior ausência da temporada de 2009 da Fórmula 1 – e das próximas temporadas – será a do ex-homem forte da McLaren, Ron Dennis. Durante quase 30 anos, o cara que comandou campeões do quilate de Niki Lauda, Alain Prost, Ayrton Senna e mais recentemente Fernando Alonso e Lewis Hamilton, está saindo de cena, deixando a direção-técnica da equipe nas mãos de seu compatriota Martin Withmarsh. É uma perda e tanto para o time inglês, justamente no ano em que volta a ter o número 1 pintado em seu chassis.

Visto como antipático por dezenas de profissionais que já passaram pela F-1 ou que já estiveram bem próximos da categoria, o inglês de 61 anos, pessoalmente falando, não é nem nunca foi unanimidade em lugar algum. Aliás, seu temperamento forte e difícil sempre foi sua característica intrísceca.

Porém, a característica mais marcante – e a mais importante, sem dúvida alguma – está no campo profissional. Desde que adquiriu o controle acionário da McLaren, em 1980, Dennis modernizou-a, transformando o então time decadente no início dos anos 80 em um exemplo de organização dentro e fora das pistas. Transformada em uma empresa de primeira linha, a McLaren não demorou a conseguir resultados sob sua batuta. A partir de então, Dennis revolucionou o modo de gerir uma equipe de competição e conseguiu atrair milhões de dólares em parceiros e patrocinadores.

A primeira jogada esperta de Dennis foi tirar Niki Lauda da aposentadoria e transformá-lo no campeão do mundo de 1984. Lauda se aposentou definitivamente no ano seguinte, mas naquele ano de 85 e em 86, o então segundo piloto, um certo francês chamado Alain Prost dominou o cenário da F1.

Aliás, foi a partir de 84 que a McLaren deixou, definitivamente, de ser aquela equipe decadente para se tornar no exemplo de organização e eficiência, cuja característica lhe foi marcante ao longo dos anos. A  McLaren dominou inteiramente toda a segunda metade da década de 80, com exceção de 1987, quando Nelson Piquet foi campeão com um Williams-Honda.

Em 1988, a Honda firmou uma parceria com a McLaren, e Dennis contratou a jovem promessa da Lotus, um brasileiro chamado Ayrton Senna, na época com 27 anos de idade. Este foi o maior ano da gestão de Dennis à frente da McLaren. A parceria McLaren-Honda, junto com a dupla Prost-Senna proporcionou ao time inglês 15 vitórias em 16 corridas disputadas, dando o título para Senna e o vice, para Prost. Um recorde e prova cabal de superioridade de uma das maiores equipes da ocasião, senão a maior. Aquele domínio de 88, foi um dos maiores já vistos na história da F1.

A década de 90, que chegou com a saída de Prost, e mais tarde da Honda e de Ayrton Senna, trouxe algumas dificuldades para a McLaren, que enfrentou um jejum de vitórias entre 1993 e 1997, quebrado apenas com a vitória de David Coulthard, na Austrália. O fim do jejum de títulos, que vinha desde 1991, foi quebrado em 1998 com Mika Hakkinen, que repetiu a dose em 99. O time inglês precisou também se adaptar a saída de um de seus mais tradicionais parceiros comerciais: o fabricante de tabaco Marlboro, que saiu no fim de 1996, após mais de 22 anos de patrocínio. Mas Ron Dennis conseguiu fazer a McLaren superar todas estes dificuldades. Além disso, em 1995, conseguiu fechar a parceria com a Mercedes-Benz, para receber os motores alemães, em uma das melhores parcerias já construídas desde aquela com a Honda, na década de 80. Algum tempo depois, os resultados alcançados foram tão bons que a Mercedes comprou parte do controle acionário da McLaren.

Até que veio o século XXI e o ano de 2007. Este, era o ano previsto por Dennis para encerrar o jejum de títulos, que vinha desde o bi de Hakkinen, em 99. Contratou Fernando Alonso, atual campeão do mundo e trouxe uma jovem promessa: Lewis Hamilton. Um bom carro e um grande campeão era garantia de título. Será?

Contra todos os prognósticos possíveis e imagináveis, Hamilton começou a ofuscar Alonso, que por sua vez, sentiu-se ameaçado e descontente com a situação. A pá de cal veio com as denúncias de espionagem dentro da Ferrari, envolvendo um mecânico ferrarista e outro da McLaren, em favor da equipe ingles. O time inglês foi punido com a perda de todos os pontos do mundial de construtores. E Hamilton ainda perdeu o título daquele ano. Ao fim de 2007, Alonso brigou com a equipe e decidiu retornar à Renault, de onde havia saído.

Finalmente, em 2008, tendo agora Hamilton como piloto principal, a McLaren faz um planejamento mais correto para alcançar o título e apagar a péssima imagem do ano anterior. A disputa com Felipe Massa é intensa, mas afinal, Lewis Hamilton, aos 22 anos, se sagra o mais jovem campeão da história da Fórmula 1. É o bastante para Dennis.

No início desde ano, o homem-forte da McLaren reúne a imprensa e anuncia que, a partir de março desde ano, não estará mais como chefe de equipe da McLaren nos boxes. Continuará por trás, nos bastidores. Mas será uma grande ausência.

Enfim, todos os esportes são feitos de ascensão, auge e  queda. Com Ron Dennis, não seria diferente. O título de 2008 veio para coroar de forma justa uma das mais brilhantes e competentes carreiras dos anos mais recentes do esporte a motor.

Boa sorte, Ron Dennis.

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