O renegado

No último domingo, o piloto canadense Jacques Villeneuve fez sua estréia na Nascar - a Stock Car norte-americana - no Grande Prêmio de Taladega, no Estado do Kansas (EUA). O piloto estreou com o carro de número 27, coincidentemente, o mesmo número que sei pai, Gilles, imortalizou na Ferrari entre os anos 70 e 80.

Mas esta estréia de Villeneuve, cercada de expectativas, não deixa escapar um fato: Jacques caiu de "grande" piloto do mundo para mais um esquecido em sua fase pós-auge na Fórmula 1. No caso de Jacques, porém, este problema é mais agravante porque ocorreu de forma muito rápida.

Por exemplo: há exatamente uma década, em 1997, Villeneuve foi campeão mundial de F1 com um Williams-Renault, o último campeonato de pilotos conquistado pelos carros do "Tio" Frank Williams (foto acima). Nem faz tanto tempo assim...

Vamos voltar um pouco no tempo. Jacques apareceu para o mundo do automobilismo ao fazer um grande campeonato de F-Indy, em 1994. No ano seguinte, ele foi campeão da categoria e ainda por cima faturou as 500 Milhas de Indianápolis. Ao fim daquele ano, ele negociou sua ida para a Williams, na F1, com uma ajudinha da Administração da F1 (leia-se Bernie Ecclestone). Pesou o fato dele ser filho de Gilles Villeneuve, um verdadeiro herói no Canadá e junto aos tifosi da Ferrari.

Em 96, Villeneuve estreou na categoria máxima com status de nova estrela da F1, em uma época que se procurava arduamente um novo ídolo, já que o circo da F1 ainda se ressentia da morte de Ayrton Senna, ocorrida dois anos antes. O canadense foi vice-campeão naquele ano e no ano seguinte, o título.

A conquista do campeonato de 97 foi o auge de Villeneuve. Em 1999 ele embarcou no projeto da British American Racing (BAR), junto com Craig Pollock. A equipe foi um fiasco e Jacques começou a marcar passo dentro do "circo". Depois que saiu da BAR, em 2001, ele tentou refazer sua carreira na Renault e depois na BMW, até ser demitido pela equipe da montadora alemã, que preferiu ficar com a jovem promessa, o polonês Robert Kubica. Certo, vamos ser justos. Nos últimos anos, Villeneuve apresentou desempenhos abaixos da crítica, mas não deveria ter sido renegado pelos cartolas.

Sem ter para onde ir na F1, Jacques volta exatamente ao lugar de onde saiu: o automobilismo norte-americano. Talvez lá, Jacques se reencontre com o seu talento, perdido no meio da guerra de egos da F1, do descaso dos cartolas e de seus próprios erros. Talvez também o renegado Villeneuve volte a ser lembrado pelos fãs do bom automobilismo.

Comentários

Postagens mais visitadas