Mille Miglia? Ecco!

O que significa "Ecco"? É uma expressão italiana que equivale ao nosso "é isso aí!", em uma alusão à alguma coisa que está certa. Mas por que começo falando de uma expressão em italiano, ora bolas? Porque vou falar sobre uma das mais tradicionais corridas de automóveis já disputada no mundo: a Mille Miglia, disputada na Itália entre 1927 e 1957.

A Mille Miglia tem esse nome porque seu percurso total somava 1.500 km de corrida, que começava em Brescia, no norte da Itália, e seguia até o sul do país, em Roma. Da Capital italiana, os pilotos seguiam de volta para Brescia, onde a prova também era encerrada. Os primeiros vencedores da corrida - os italianos Ferdinando Minoia e o navegador Giuseppe Morandi - completaram a prova em 21 horas e 5 minutos.

Em 1930, o primeiro grande piloto a vencer a Mille Miglia foi o também italiano Tazio Nuvolari, junto com Battista Guidotti, a bordo de um Alfa Romeo 6C. Nestes primeiros anos, as vitórias só ficaram com pilotos italianos, mas no ano seguinte ao da vitória de Nuvolari, os alemães começaram a surgir com força: a dupla alemã, encabeçada por Rudolf Caracciola, venceu a edição de 1931, com um Mercedes-Benz SSK.

Nos anos 40, a prova teve algumas interrupções por causa da Segunda Guerra Mundial, como em 1939 e de 1941 a 46. Em 1947 ela voltou e trouxe como o primeiro vencedor do pós-guerra, o italiano Clemente Biondetti (ele já havia vencida uma edição, em 1938), que também foi o primeiro a vencer a corrida de longa duração quatro vezes. Foi neste período que os campeões de F1 passaram a vencer a Mille Miglia também, como é o caso de Alberto Ascari, em 1954, e Stirling Moss, no ano seguinte.

O grande charme, contudo, da prova eram mesmo os carros. Máquinas clássicas que não se vê mais hoje em dia em prova alguma, como as Ferrari 340, com a qual Luigi Villoresi venceu a edição de 1951; os da Alfa Romeo que deram vitórias a Tazio Nuvolari e Giuseppe Campari; além da Mercedes-Benz que ajudou Caracciola a vencer a edção de 1931.

Era uma corrida incrível. Era, porque infelizmente um acidente terrível decretou o fim das provas e pôs um ponto final na Mille Miglia em 1957. O piloto Alfonso de Portago morreu após o seu carro escapar da pista, no vilarejo de Guidizzolo, e voar contra a multidão que assistia. Onze pessoas, além do piloto morreram. O vencedor desta prova fatídica foi o italiano Piero Taruffi, com a Ferrari.

Mas a memória da Mille Miglia foi resgatada em 1977. Desde aquele ano acontece em Brescia, o festival denominado Mille Miglia Storica, que reúne carros clássicos da época como também após 1957, em uma prova de resistência que percorre um trajeto semelhante ao da antiga Mille Miglia. Vale lembrar que não é uma reedição da corrida e sim, um festival para resgatar a memória desta prova. Mas é o suficiente para ver de volta as antigas máquinas dos velhos tempos.

Para ter uma idéia da grandiosidade da prova, dê uma olhada no mapa da edição de 1936. Dá para ver a distância que os pilotos percorriam naquela época.

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