O dia em que Emerson salvou a carreira de Hunt


Hunt em seu habitat preferido: com as mulheres

Um dia, Emerson Fittipaldi, um dos principais pilotos brasileiros da Fórmula 1, bicampeão nos anos 70 (1972 e 1974), foi personagem direto na carreira do piloto britânico James Hunt. É uma história curiosa e complexa, que tem uma ligação indireta também com a equipe brasileira de F-1, a Copersucar, com a McLaren e com a Marlboro.

O ano é 1975. Hunt pilotava então para a Hesketh, uma simpática e folclórica equipe montada pela grana e coragem do playboy inglês, lorde Alexander Hesketh. O time apoiou Hunt desde as categorias de base, subindo da Fórmula 2 junto com o piloto. Hesketh e Hunt eram grandes amigos e nos primeiros anos da equipe na categoria, ambos aproveitaram bastante a esbórnia que na época pilotos e alguns dirigentes ainda poderiam se permitir, regada a muita bebida, drogas e mulheres.

Hesketh tinha muita grana na época, só que gastou boa parte do seu patrimônio custeando a equipe na categoria e no fim de 1975, o dinheiro acabou, e o lorde foi obrigado a ter de fechar o time. Hunt só deixou o barco depois que ele veio à pique de forma oficial, recusando-se a deixar o amigo de farras na mão. O problema é que quando isso aconteceu, Hunt se viu, do nada, sem carro para a temporada seguinte, em 1976.

Naquela época, novembro de 75, praticamente todas as equipes já tinham definido suas posições para a nova temporada e Hunt não tinha quase nenhuma opção para aquele ano. Se não conseguisse um carro para correr, o inglês teria de amargar o fim de suas aventuras na categoria máxima do automobilismo mundial, mesmo tendo vencido uma corrida naquele ano, o GP da Holanda.

Daí, Emerson, piloto absoluto da McLaren, decide correr pela Copersucar. O chefe da Marlboro, patrocinador master da equipe inglesa, John Hogan, perde o chão quando vê seu campeão deixar o time para realizar o sonho de correr pela equipe de seu irmão, em uma decisão que pegou todos de surpresa, mundo da F-1, imprensa, torcedores. Uma decisão controvertida, ainda hoje. É neste momento que o executivo da fabricante de cigarros, lembra de Hunt. Imediatamente, ele contacta o piloto, que estava em Londres, aproveitando uma folga na mansão de Hesketh.

Hogan sabe que precisava de um piloto de gabarito, já que o outro corredor, o alemão Jochen Mass, era apenas mais um piloto. Hunt aceita o convite e Hogan voou então para a sede da Marlboro, em Lausanne, na Suíça, para pegar a concordância de seus patrões. Assim, Hunt consegue um carro para 1976, graças à saída inesperada de Emerson para realizar o seu sonho de guiar um bólido brasileiro.

O resto é história. Além de garantir um carro para o inglês, indiretamente, Emerson também garantiu o campeão naquele ano, pois Hunt venceu o campeonato sobre Niki Lauda com apenas um ponto de diferença, em uma das disputas mais memoráveis da história do certame.


Hesketh e Hunt: bons amigos, dentro e fora das pistas

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